quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A EVOLUÇÃO descoberta por Darwin CONTINUA A OPERAR?

A resposta para essa questão pode ser um surpreendente ‘talvez’ (tanto para criacionistas como para evolucionistas).  Entretanto, antes de argumentarmos qualquer defesa, precisamos entender dois processos referentes a esse assunto, a saber, a Seleção Natural e a Seleção Artificial
A Seleção Artificial é realizada por mãos humanas. Seus agentes são: cientistas que adulteram geneticamente algumas espécies – como é o caso da soja transgênica, mas também o  homem comum, que, porventura, seleciona animais domésticos, de acordo com as características que lhe apraz, isto é, o gosto pessoal de cada um. Neste último caso, um bom exemplo é a variedade de raças de cães, que é certamente resultado desse tipo de seleção. Todos os caninos modernos que possamos lembrar, como: chiuaua, são bernardo, doberman, labrador, pincher, etc. (a lista é enorme: são mais de 800 tipos) - cada um com suas particularidades que o distingue dos demais, possuem um ancestral comum: o lobo selvagem. Essa diversidade de descendentes se deve ao fato de que nós escolhemos os caninos que queremos criar; selecionamos pela cor, pelo tamanho, pela esperteza, enfim: diversas qualidades. Trouxemo-os, gradativamente,  da selva para a cidade, e assim, pouco a pouco, mudamos artificialmente seus hábitos. Além disso, determinamos também, muitas vezes, a copulação desses animais (com qual outra raça os deixamos “cruzar”- popularmente falando) porque queremos “boas” qualidades em seus filhotes. Desses dois modos, acima descritos, é que a Seleção Artificial acontece. Assim, decidimos quais as características fenotípicas serão levadas em frente, e por consequência as informações genéticas que prosseguirão nas sucessivas gerações de cães.
Bom, em tese, é com a mesma simplicidade que ocorre a Seleção Natural (aquela, descoberta, em meados do século XIX, pelo brilhante naturalista Charles Darwin) - embora, o selecionador, neste caso, não seja o homem.

Como bem disse o educador Ruben Alves, a natureza viva, ou tudo que tem vida neste planeta clama por eternidade, ou seja, faz, extraordinariamente, qualquer coisa para manter-se vivo, e, por isso ou em função disso, é inata a capacidade de reprodução em todas as formas de vida - são os famosos “instinto de sobrevivência” e “instinto de perpetuidade da espécie”. 
Ao se reproduzirem, os seres vivos repassam as informações de seus genes; estes, por sua vez, podem sofrer uma pequena mutação, e o descendente repassará a informação genética ligeiramente modificada, ou não, para a geração seguinte, e assim por diante, gradualmente. Ao longo de muitas gerações, essa ínfima mudança, que, em suma, visa a adaptação e sobrevivência dos seres, estará acumulada, influenciando obviamente, o desenvolvimento das espécies, isto é, transformando seus corpos ao longo de muitos milhares de milhões de anos – é o que preconiza a Teoria da Evolução. O biólogo Richard Dawkins afirma que o elemento executor da Seleção Natural é a morte: é por causa dela que os seres se aprimoram e evoluem, pois, como dissemos, seguem sua vocação para o viver. Dito isso, chegamos ao ponto chave, e portanto, estendemos a pergunta inicial: "Se todos os animais superiores evoluíram de formas de vida mais primitivas, por que ainda existem simples peixes? por que não se transformaram em aves ou lagartos? E as inúteis baratas? por que ainda estão por aí? Esses seres continuam a evoluir? E quanto ao homem? passou pelos neandertais, chegou ao homo sapiens e parou em nós?"
Bem, na seleção darwiniana, um corpo que possui o que precisa para sobreviver, automaticamente tem seus genes preservados dentro de si, e estes, conferem aos corpos as qualidades que os ajudam a sobreviver. Pensando assim, podemos dizer que os tais peixes e baratas ainda são o que são porque sobrevivem, seus predadores, ou mesmo o ambiente, não ameaçam sua existência, o “selecionador” – a morte, não requereu deles, ainda, qualquer mutação; pelo contrário, tem levado adiante os genes necessários para que sobrevivam na forma que os são (é como dizer que conquistaram seu espaço neste mundo). Além disso, nossa percepção nos engana porque esses seres não são, de modo algum, primitivos, pelo contrário, são altamente "modernos e sofisticados", no sentido de que seus genes tiveram tempo suficiente para melhorar características (como a visão, olfato ou a velocidade do nado), que lhes  garantiram a subsistência e subsequente reprodução. O mesmo pode-se dizer dos homens: não havendo pressão evolutiva, ele segue vivendo na forma que é. Entretanto, isso não descarta a hipótese de que, futuramente (em mais um milhão de anos, talvez), esse homem não sofra seleção. O fato é que somos incapazes de perceber a evolução, uma vez que, como afirma a teoria evolucionista, ela opera em escalas adversas a nossa compreensão de tempo – e este é um dos fatores que contribuem para a nossa incredulidade na fenomenal idéia darwiniana. Então, pode ser que já estejamos sendo selecionados: os que morrem sem se reproduzirem não repassam as informações genéticas - estas que nos tornam, naturalmente, aptos para a vida. 
É difícil imaginarmos um tempo suficiente para que o acúmulo de informação genética cause transformações em nossos corpos, ao ponto de que possamos viver mais; inclusive, não temos ciência de que esses genes, intervindo na formação do nosso cérebro, possam também modificar nossa forma de pensar, todavia, se for o caso, desejamos que essa evolução seja em breve, até para que, os menos evoluídos de nós possam, algum dia, admitir o evolucionismo sem medo.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

À IMAGEM E SEMELHANÇA DE QUEM?

Ao homem que ascendeu de uma paralisia mental acerca das questões mais complexas que o rodeia para uma postura crítica da realidade, é-lhe dado o prazer de entender e explicar coisas à luz  de uma sabedoria lógico-racional adquirida conscientemente - coisas que outrora estiveram confortavelmente alojadas no calabouço da religião, mas que agora inquieta-lhe a alma: "buscadora veraz de uma veracidade verossímil". Pensando assim, tencionamos articular uma resposta para o como chegamos a uma imagem ou caracterização de deus.


Na nossa cultura, vemos deus através do prisma da religião cristã. Segundo essa tradição, deus teria se revelado a nós na pessoa de Cristo: humano e divino simultâneamente, do qual só temos conhecimento de três anos de sua vida em registros históricos. O fato dele ter encarnado em um homem e não numa mulher influencia drasticamente na imagem que fazemos de deus, ainda que, muitos de nós resistamos à conjectura de que deus possua sexo, ou melhor, gênero masculino ou feminino. Bom, isso é mero detalhe se comparado aos vários exemplos contidos na narrativa bíblica de um deus com características humanas. O deus lá representado é um deus que possui cabeça, mãos, pés, costas; um deus que se ira, se arrepende, se vinga, se entristece; um deus que abençoa e recompensa o bom, e, despreza e condena o mau (presenteia com a vida eterna ao que fizer a SUA vontade e rejeita e lança no eterno sofrimento ao que não a fizer) - além de tudo, um deus egoísta, mesquinho. Quem conhece um pouco dos textos canônicos vai lembrar destas paráfrases que exemplificam algumas ordens divinas ali descritas: /Moisés, separa o povo por etnia, e mata todos quantos não forem israelitas. /Josué, separa o povo por crença, e aqueles que não adoram ao deus de Abraão devem ser mortos: homens, mulheres, crianças; tome teu exército e destrua também os bens e os animais desses homens, pois não são dignos do reino./ - ou seja, um deus completamente  preconceituoso, partidário, segregacionista. Mas haverá aqueles que queiram contestar dizendo que essas coisas e atitudes de deus  estão no Velho Testamento, e completariam "Cristo regovou a Lei". Isso é o mesmo que dizer: 'deus revogou a si mesmo'. Por quanto, se a Lei  que  Moisés escreveu era advinda de Deus, logo era a Lei de deus, sendo assim, ela era boa, certo? como pode o deus que a criou e ordenou aos homens, simplesmente contrariar-se quando encarnado  no Cristo? Então, só pra terminar essa curta lista de atributos humanos no deus que a religião inventou, temos de afirmar que ele é também contraditório e indeciso. Talvez ele não soubesse que a primeira Lei não seria eficaz e de última hora quis reverter tudo na cruz. Nesse caso, a onisciência e a onipotência desse deus nunca existiram.
Ora, não nos parece estranho um deus demasiadamente humano como esse? Um deus que usa os mesmos pesos e medidas que nós, homens imperfeitos, não é tão pequeno quanto? não é tão limitado quanto? Sim, há de parecer estranho e  inconcebível para aquele, que dizíamos no primeiro páragrafo deste texto, mas para o outro, imergido numa fé cega, é pura bobagem questionar-se a respeito. Vejamos que esse deus bíblico não pode ser sequer uma caricatura do deus Supremo, Essência do Universo, Causa Primal, Fonte Criadora, Princípio Uno da existência. E a razão por trás desse estereótipo medíocre de deus é nossa própria limitação em depreendê-lo tal como ele é. Dito de outro modo, é natural o homem não poder ter idéias não-humanas para caracterizar deus, para caracterizá-lo divinamente teria de possuir idéias divinas, o que resultaria em ser, o homem, igual a deus.  Assim, nossas tentativas de descrever deus e seus atributos só pode ser equivocada, muito provavelmente, igualável à própria caracterização humana. (Se uma girafa pudesse idealizar um deus, provavelmente ele seria pescoçudo e de manchas marrons...). Os homens 'fizeram' deus à sua imagem e semelhança. Está escrito!